A cada ano muitas pessoas deixam seus países rumo ao Brasil, e muitas delas chegam ao nosso país ainda com o destino incerto. E parte desses imigrantes acabam vindo parar em nossa região. E para auxiliá-los Campinas conta com o Serviço de Referência ao Imigrante, Refugiado e Apátrida (SMASDH), da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura.
Alguns imigrantes acabam enfrentando problemas legais quando chegam ao Brasil. Caso do cozinheiro colombiano Andrey Bedoya, que precisa regularizar a situação dele no país para conseguir ser registrado em um emprego que ele já conseguiu no Paraná. “Quando cheguei aqui eu precisava muito de uma documentação que não tinha, então pensei, vou para o Paraguai, mas cheguei lá e me detiveram e expulsaram do país, me deixaram em Foz do Iguaçu, por isso entrei ilegalmente no Brasil”, conta. “Depois cheguei à Curitiba e consegui um trabalho, e meu chefe disse que quer me regularizar, mas preciso que você faça essa documentação”. Beboya entrou ilegalmente no Brasil ao ser expulso do Paraguai por não estar regular naquele país. Atualmente ele vive no Paraná, mas buscou ajuda no serviço de Campinas por recomendação de um primo que vive em nossa região.
Outro imigrante que está sendo auxiliado pelo serviço é o haitiano Louis Reginald, que vive no Brasil há seis anos, e há algum tempo tenta trazer a esposa e a filha dele, que seguem vivendo no Haiti. E quando uma dificuldade é contornada, outras aparecem. Após muito tempo de espera e tentativas frustradas, Louis conseguiu acertar a parte legal para vinda da esposa e da filha, mas outro problema surgiu: não há mais voo direto entre o Haiti e o Brasil, e isso está impedindo que o haitiano consiga reunir a família. “Eu gostaria de trazer minha filha e minha esposa, eu mandei dinheiro para elas três vezes para agendar para tirar o visto, foram US$ 1.400 cada vez, aí o atravessador pegou o dinheiro e não marcou nada”, lamenta. “Aí uma vez ele conseguiu marcar um agendamento pra elas, ela foi na embaixada do Brasil, eu consegui uma liminar e agora está liberada a vinda, mas falta mais uma coisa, pois não tem mais companhia aérea que fazendo voo do Haiti para cá. Já são seis anos que estou vivendo sem minha filha e minha esposa”. Louis não as vê desde que deixou o país da América Central.
De janeiro de 2021 a janeiro deste ano o serviço atendeu mais de 320 imigrantes, sendo os haitianos a maioria (137), seguidos pelos venezuelanos (132), e o restante dos atendidos são de outras 18 nacionalidades. A psicóloga Valéria Scatolini trabalha no Serviço de Referência ao Imigrante, e explica que além de ajuda com problemas burocráticos, o serviço também oferece outros tipos de auxílio. “Depois da documentação essas pessoas são atendidas também em vários eixos, educação, quando passam por entrevista para saber sobre diploma, cursos profissionalizantes, e a área de empregabilidade também, que aí a gente vai verificar o trabalho, qual é a experiência que a pessoa tem no país dela e o que ela pretende aqui”.
A Secretária de Assistência Social da Prefeitura de Campinas, Vandecleya Moro, afirma que o serviço presta auxílio a também àqueles imigrantes que chegam sem ter onde ficar. “Os atendidos pelo serviço que não tenham onde ficar e precisam de uma estadia nós temos o abrigo municipal, que faz o acolhimento dessas pessoas, por isso é tão importante este serviço, pois são pessoas que saem de seu território, de seu lar, e vem para um local onde desconhecem quais são os serviços, as ações, então a gente faz essa ponte na língua, compreendendo o que querem, e o que precisam, e fazemos os encaminhamentos”.
O serviço funciona na Avenida Francisco Glicério, nº 1269, no 4º andar. Informações podem ser obtidas pelo telefone 3231-1867, ramal 7.
