Fechamento do Extra Abolição deixa galeria de lojas em situação ruim

Foto: Henrique Bueno

Há pouco mais de um mês, o hipermercado Extra Abolição, que fica no bairro Swift, em Campinas, fechou as portas, deixando as demais lojas que existem na galeria comercial numa situação complicada. São dezenas de estabelecimentos comerciais que funcionam no local, como lanchonetes, restaurantes, lojas de moda, pet, farmácia, lotérica e outros. O hipermercado era o grande responsável pelo alto número de pessoas, que circulavam diariamente pelo local.

No fim do ano passado, o Grupo Pão de Açúcar comunicou o fim da bandeira de hipermercados Extra, já que o grupo vinha perdendo espaço em meio a concorrência dos atacarejos. O grupo foi comprado pelo Assaí, que começou com a transição de lojas em todo o Brasil. Em Campinas, por exemplo, dois tradicionais pontos da rede já sofreram com as mudanças. O Extra Amoreiras, na Vila União, também fechou as portas, mas no local já funcionava uma unidade do Assaí. No caso do Extra Abolição, o hipermercado fechou e a previsão é de que o Assaí seja instalado no local somente no primeiro trimestre do ano que vem.

Loja informa clientes sobre funcionamento/Foto: Henrique Bueno

A situação, deixou os demais lojistas da galeria preocupados, já que a movimentação caiu, em média, 50% desde que o hipermercado encerrou suas atividades. Luis de Sá trabalha na galeria a dois anos e reclamou da postura do Grupo Pão de Açúcar, que não estabeleceu uma comunicação clara com os comerciantes que ficaram na galeria. “O grande problema da rede de supermercados é a comunicação. A GPA não comunica com os seus parceiros de uma forma a dar, no mínimo um planejamento ou o que fazer. Todos os lojistas estão prontos para receber os clientes, tem a estrutura, tem tudo. O que a gente não tem é qualquer tipo de respaldo ou de orientação, seja de uma parceria comercial com a GPA ou de uma definição do futuro”, afirma.

Algumas lojas, como a farmácia e a lotérica da galeria, não suportaram a queda no movimento e fecharam as portas. Aqueles que ficaram, fazem um esforço grande para sobreviver, num momento complicado, que deveria ser de retomada, após todos os problemas trazidos pela pandemia. Os lojistas tentam desesperadamente renegociar os valores cobrados pelo aluguel e condomínio dos estabelecimentos. Mas a GPA se mostra irredutível nessa discussão, como afirmou outra lojista do local, Adriana de Jesus. “A gente fala que foi uma avalanche atrás da outra. Porque primeiro veio a pandemia e quando a gente estava tentando se recuperar, o Extra fechou”, disse. Questionada sobre uma possível negociação de valores de aluguel e condomínio, Adriana foi enfática. “Não, em nenhum momento e eles estão irredutíveis quanto a isso”, finalizou.

Loja não resistiu à queda de movimento/Foto: Henrique Bueno

A situação também é complicada para outros profissionais que dependem do bom funcionamento da galeria, como os taxistas. De 19 profissionais que atuavam no ponto do estacionamento da galeria, apenas oito continuaram. Ramício Puentes é um deles e disse que sem o hipermercado, a situação vai de mal a pior. “Caiu todo o serviço aqui. Caiu na base dos 50% a 60%. A gente só está trabalhando com (chamadas por) telefone agora. Muito difícil pegar alguém que vai nas lojas aí e toma um táxi”, relatou.

A dificuldade de negociação e de comunicação com o GPA, pode ser levada aos tribunais. É o que afirma a advogada Jennifer Agostinho, que representa uma das lojistas da galeria. “Com certeza, a gente está tentando resolver tudo de forma extrajudicial, para não precisar ir para o judiciário mesmo, mas está bem complicado. Estou achando que realmente não vamos ter como fugir do judiciário. A gente vai ter que recorrer a eles”, garantiu.

Em nota, o Grupo Pão de Açúcar, informou que independentemente do encerramento das atividades do Extra Hiper, sempre prezou e continuará prezando pelo relacionamento com seus parceiros lojistas, atendendo a todos e trabalhado para minimizar os impactos das conversões às operações desses parceiros. O grupo ressalta que durante o período de transição com o Assaí, as negociações estão sendo realizadas pelo GPA, individualmente com cada lojista. Nos próximos meses, o GPA fará a cessão desses contratos para o Assaí.

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