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Mãe de gêmeos autistas relata preconceito e dificuldade com assistência

Paço Municipal de Campinas com iluminação especial devido ao "Abril Azul" - Foto: Carlos Bassan/PMC

Abril é marcado como o mês de conscientização sobre o autismo. As principais características do autismo são relacionadas à dificuldade de comunicação e de interação social, e padrões repetitivos de comportamento. Na maioria dos casos, essas características são notadas já durante a infância.

Quando constatado o autismo, as famílias precisam se adaptar, e lidar com novos desafios, e dificuldades como o preconceito, e, em alguns casos, a falta de assistência por parte do poder público. Jacqueline Meirelles é mãe dos gêmeos Gabriel e Daniel, de quatro anos. Eles levam uma rotina com terapias, como terapia ocupacional, fonoterapia, e têm a indicação para outras, como musicoterapia, psicoterapia e equoterapia.

Eles frequentam também uma escola infantil da rede pública de Campinas, mas, segundo a mãe, não contam com o acompanhamento necessário. “Nossa maior dificuldade não é a patologia em si, mas a adaptação do ambiente, por exemplo, na escola estamos tentando fazer com que a lei se cumpra, e eles tenham um apoiador pedagógico para as necessidades deles, e também estamos pleiteando que o acompanhante terapêutico possa entrar na unidade escolar e ajudar nas atividades diárias dentro da escola, pois a gente não pode enviar os terapeutas pra dentro da escola pois a prefeitura não libera”.

Ela afirma viver uma realidade à parte entre mães de autistas, por ter um plano de saúde que disponibiliza terapeutas e outros especialistas importantes no tratamento, mas afirma que muitas mães, que dependem da saúde pública, vivem maiores dificuldades.

Outro problema enfrentado pelas famílias de autistas é o preconceito, que muitas vezes, surpreendentemente, vem de pessoas próximas, e não de desconhecidos. “Por incrível que pareça não vieram de fora, nós temos dois autistas em casa, então são crianças completamente diferentes, você ouve piadinhas, nós já fomos desconvidados para atividades, e é recorrente”, conta Jacqueline, que explica ainda que o preconceito começa após a descoberta de que a criança é autista, já que não há características físicas que deixem isso explicito. “O autismo não tem cara, pois as pessoas esperam que os autistas tenham algum traço físico que diga que a pessoa é autista, mas o autismo não tem cara, então as pessoas acabam marginalizando e dificultando o acesso deles às coisas”.

A CBN procurou a Secretaria Municipal de Educação de Campinas, que enviou o seguinte posicionamento sobre a reclamação de Jacqueline:

A Secretaria Municipal de Educação acolhe as demandas apresentadas pela família e se coloca à disposição para atendê-los dentro do que preconiza a legislação. A escola oferece suporte pedagógico aos alunos que, após passar por uma avaliação, recebem essa indicação. Em relação aos estudantes mencionados na reportagem, a escola já está orientada a fazer a avaliação.

A Educação Especial oferecida pelo município é reconhecida pela excelência. Atualmente, estão matriculados 1.532 alunos, sendo que deste total 632 são autistas. Aos estudantes são oferecidos material escolar e materiais de apoio pedagógico, que são produzidos levando em conta a especificidade de cada aluno. Também são oferecidos transporte adaptado e cuidadores.

 

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