Os brasileiros diminuíram o consumo de carne vermelha.
A mudança de hábito, no entanto, não foi voluntária.
Com a inflação puxando o preço de toda cadeia produtiva, o consumidor não teve outra opção a não ser repensar o cardápio.
Dono de um pequeno açougue em Campinas, Marco Guinami viu o movimento cair 30% nos últimos doze meses.
Segundo ele, os clientes que ainda vão ao açougue diminuíram o consumo em 50% e substituíram os cortes tradicionais como o contrafilé por opções mais baratas como o miolo de acém e carnes brancas como frango e porco.
“Os mais baratos são miolo de acém e miolo de paleta (R$ 38,99 o quilo) e ponta de peito (R$26,99 o quilo). Estão trocando bastante, estão comprando mais carne branca, tipo frango e porco. O mais caro seria contra-filé (R$ 64,99) e alcatra (56,99).
O churrasqueiro Rinaldo Barbosa conta que em dois anos precisou reajustar duas vezes o preço do espetinho de cordão de filé mignon porque o valor do quilo do produto subiu 44% no mesmo período.
“Durante a pandemia, toda semana, toda cotação tinha um aumento de pelo menos R$ 0,15 ou R$ 0,20 no quilo e tem perpetuado até o momento. O custo do espetinho saía para a gente, em média, R$ 19, no máximo R$ 25 o quilo. Hoje, no mercado, açougues e frigoríficos a gente não encontra por menos de R$ 36 o quilo, o que dá R$ 3,60 a unidade.”
Atualmente, Rinaldo cobra entre R$ 8 e R$ 9 por cada espetinho.
Ele conta que só não perdeu clientes porque diversificou a cartela de produtos e passou a vender porções menores e legumes na grelha.
Uma pesquisa do Instituto FSB aponta que 55% dos entrevistados deixaram de comprar carne vermelha e 21% abandonaram a carne de frango por causa dos aumentos dos preços.
A pesquisa foi contratada pelo banco BTG Pactual.
O motivo que fez o consumidor abandonar as carnes está em outro levantamento, desta vez do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O levantamento apontou que de março de 2020 até abril deste ano, a inflação geral ultrapassou 19,4% e o preço médio das carnes subiu 42,6% no mesmo período.