Presidente da Maternidade explica problemas no hospital

Foto: Henrique Bueno

Em entrevista à CBN Campinas, o presidente da Maternidade de Campinas, Marcos Miele, explicou algumas das situações vividas pelo hospital nos últimos meses. Primeiramente Miele comentou o caso de Emely Gabriela Bueno, uma jovem de 23 anos que morreu após realizar uma curetagem na Maternidade. Amigos e familiares dela realizaram um protesto em frente ao hospital no último domingo (26).

Segundo Miele, a jovem morreu por problemas não na operação, mas no pós-operatório. Ele afirma que os órgãos competentes estão analisando o óbito, e um laudo sobre o caso será emitido. “Esse laudo é fundamental para tentar esclarecer o óbito, o procedimento transcorreu dentro da normalidade, a pressão dela sempre esteve controlada, e o procedimento foi realizado sem nenhuma intercorrência, a parada cardiorrespiratória ocorreu no pós-operatório, o procedimento em si não teve relação com o óbito”.

O presidente da Maternidade também falou sobre as mortes de três bebês no mês de fevereiro. Ele admitiu que dois óbitos possuem relação com o surto de gastroenterite ocorrido entre os dias 6 e 9 de fevereiro, quando pelo menos 17 bebês foram infectados, e dez deles precisaram ser transferidos para a UTI. Porém, ele afirmou que a terceira morte não tem relação com o caso, e que ela ocorreu devido ao fato de ter ocorrido um nascimento prematuro. Além disso, ele destacou que a taxa de mortalidade neonatal da unidade está dentro da habitual. “A Maternidade possui um dos menores índices de mortalidade neonatal, em 2023, entre janeiro e fevereiro, tivemos 10 óbitos neonatais em nossa UTI, o que dá cinco mortes por mês em média, que é a média que nós temos mantendo ao longo dos anos, em 2022 ocorreram 12 óbitos no mesmo período, e em 2021, no auge da pandemia, ocorreram 14 óbitos”.

Ele ressalta que a covid-19 em si não provocou mais mortes nos anos anteriores, porém ocorreram mais nascimentos prematuros devido ao fato de haver gestantes acometidas, o que é um fator que amplia o risco de mortalidade. Sobre a interdição de leitos, ele reconheceu que a Maternidade foi notificada no final de 2022 pela falta de dois médicos horizontalistas, sendo que a unidade tem dois e precisaria de mais dois, já que é exigido um a cada 10 leitos de UTI neonatal.

Mas ele reclamou que após a interdição de 20 leitos e de a unidade ser multada pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), uma nova multa foi aplicada na última sexta-feira (24), pois não houve como transferir os bebês que estão nos leitos interditados, já que o próprio poder público não teria disponibilizado as vagas para transferência. Ainda segundo Miele, a crise financeira do hospital não tem relação com a crise sanitária, e em nenhum momento houve desassistência para os recém-nascidos.

A Prefeitura de Campinas emitiu a seguinte nota sobre os problemas relacionados à Maternidade:

“A Maternidade de Campinas é um estabelecimento privado conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS). O convênio da Secretaria Municipal de Saúde com a instituição foi estendido até novembro de 2023, com aporte financeiro de emendas parlamentares no valor de mais de R$ 3,5 milhões em 2022. As tratativas deste aditivo foram acordadas entre as partes, de forma consensual.

Além disso, a Maternidade mantém convênios com instituições de Saúde Suplementar. Sobre a questão da multa, penalidades são aplicadas pela Vigilância em Saúde para todos os estabelecimentos que cometem infrações sanitárias que colocam a saúde da população em risco, independente da entidade receber ou não recursos do SUS.

A Maternidade tem direito a ampla defesa e a Vigilância em Saúde aguarda recursos aos autos de infração. A Secretaria de Saúde tem feito a gestão da crise da Maternidade, disponibilizou seu corpo gestor e aguarda a apresentação das planilhas assistenciais e financeiras para voltar a conversar com a instituição.”

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