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Acidentes de trabalho cresceram em Campinas nos últimos anos

Foto: Guilherme Pierangeli

Campinas registrou uma disparada no número de acidentes de trabalho nos últimos três anos. Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, ligado ao Ministério Público do Trabalho (MPT), foram 4,9 mil ocorrências em 2022, o maior número desde 2019, quando houve o registro de 5,4 mil notificações.

O número cresceu pelo terceiro ano seguido, até como consequência da retomada gradual após o final das restrições da pandemia. O balanço leva em conta somente os dados de funcionários com vínculo regular. O Procurador do MPT, Silvio Beltramelli Neto, demonstra preocupação com esse crescimento. “Nós estamos em um momento de atenção e preocupação, o nível de acidentalidade no Brasil notificada já é bastante alto, regionalmente também é alto, desperta preocupação, se nós pensarmos que há presumivelmente um número grande de notificações a situação real desperta muita preocupação”. Segundo o procurador, a subnotificação ocorre devido a ideia de que registrar o acidente possa causar prejuízo ao empregador, além da estabilidade garantida por lei após o retorno ao trabalho.

Em relação ao aumento de registros, a Secretaria de Saúde de Campinas argumentou ao G1 que, desde o ano passado, adotou novos critérios de notificação de acidente de trabalho para incluir também os que causaram ferimentos leves. Segundo a pasta, a mudança ocorreu em 2019, por uma portaria do Ministério da Saúde, mas foi a partir de 2022 que Campinas passou a trabalhar para ampliar as notificações. Beltramelli afirma que a justificativa tem fundamento, mas diz que a impressão de que há um aumento nos casos de maior gravidade também procede. “A explicação da secretaria tem respaldo nos fatos, de fato houve uma alteração na regulamentação da obrigatoriedade e essa ampliação passou a envolver acidentes mais leves, então acho que esse aumento tem a ver com isso, mas se olharmos pra curva de notificações ela tem aumentado principalmente depois dos dois anos anteriores em que a gente teve a situação excepcional da pandemia de covid-19”.

Reprodução/G1 Campinas

Nos últimos 10 anos, os principais acidentes envolveram cortes, foram 19% dos casos, seguido de esmagamento e fraturas, com 16%, e torções, com 9%. O setor mais impactado foi o de atividades de atendimento hospitalar: 9%, seguido dos trabalhadores de coleta de resíduos não-perigosos, com 6%, e educação superior e pós-graduação: 5%. “Sem dúvida nenhuma o setor de saúde é um setor que sempre despontou, é um setor que por característica notifica bastante, e de fato acontece mais acidentes do que o esperado, e há também a ampliação das terceirizações nas unidades de saúde, especialmente públicas, Organizações Sociais que nem sempre zelam pela estrutura necessária, pelos equipamentos necessários, pela rotina necessária para criar um ambiente de segurança”, finaliza Bel

Em relação aos acidentes de trabalho que resultaram em mortes, houve redução. Foram 13 em 2022, contra 20 em 2021. Desde o início da série histórica, em 2022, os anos com recorde de acidentes fatais foram 2003 e 2005, com 27 cada.

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