Maior bloco da história do Carnaval campineiro, City Banda mudou de endereço

Em 1994, um grupo de amigos resolveu não deixar o Carnaval de rua morrer em Campinas após surgir a notícia de que o Tomá na Banda, que você ainda vai conhecer nesta série Bloco Na Rua, não iria desfilar no ano seguinte.

Na mesa 10 do então já tradicional City Bar, foi criada uma banda para tomar as ruas do Cambuí no sábado pré-Carnaval. O que os amigos não imaginavam é que estava surgindo o maior bloco da história de Campinas, o que duas décadas depois, obrigou a mudança de local do desfile. Quem nomeou a banda foi um dos fundadores, o jornalista Edmilson Siqueira.

Como diz a letra do samba, a Tomá na Banda não saiu, mas muitos dos músicos migraram para a City Banda em 1995. Um deles é Vinicius José Geribello, muito mais conhecido no meio da música como Ding Dong. Ele já tinha história na música, tanto que é citado por Marcelo Rubens Paiva no livro Feliz Ano Velho, que conta a vivência do escritor em Campinas quando sofreu o acidente que o deixou paraplégico.

Foto: Jonathan Morel/EPTV

A primeira rainha de bateria da City Banda foi Maria Ester Januário, que também fazia parte do Tomá na Banda. Fã entusiasmada do samba, ela brinca que não existia outra opção para ocupar o posto, mas não é verdade, pois o ritmo dela contagiava os foliões.

O quarto desfile da City Banda, em 1998, é marcado pela presença do maior intérprete de samba-enredo de todos os tempos, José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, que já era o cantor oficial da Estação Primeira de Mangueira desde 1949. Edmilson Siqueira lembra a aventura de trazê-lo a Campinas para receber a homenagem dos sambistas locais e nem contava que ele iria cantar.

O público crescia a cada ano. O samba-enredo da Mangueira de 1994 ganhava uma adaptação na letra.

A abertura do desfile era ao som de “atrás da City Banda só não vai quem já morreu”. Mas infelizmente, a alegria das famílias e grupo de amigos acabou se misturando com o mau comportamento de pessoas que não queriam se divertir. Muitos dos moradores do circuito saíam às sacadas dos prédios para ouvir as marchinhas e sambas de enredo, mas outra parte não gostava das ruas fechadas e da sujeira deixada pelos foliões. Por isso, após uma briga muito depois do fim do desfile em 2015, a banda foi comunicada de que teria que deixar o Cambuí. Naquele momento, a concentração acontecia na Rua Guilherme da Silva, pois apesar de o bar ter as mesas colocadas no Largo da City Banda, houve um desentendimento entre a diretoria do bloco e o dono do estabelecimento. Para Edmilson Siqueira, a transferência para a Praça Arautos da Paz, no Taquaral, descaracterizou a City Banda.

No Cambuí, já existiam mini blocos dentro desfile da City Banda, com venda de abadás e distribuição exclusiva de bebidas para quem pagasse por isso. A chegada ao Taquaral fez a City Banda se tornar um megabloco. Isso, segundo o fundador, contrariava a vontade da diretoria de fazer um Carnaval mais voltado às famílias e trazia problemas de segurança aos frequentadores.

Em 2021 e 2022, por causa da pandemia de covid-19, não houve desfile. No ano seguinte, foi comunicado que a banda deixaria de percorrer as ruas de Campinas. Os músicos tocaram em eventos privados.

A marca City Banda hoje está sob os cuidados de Fernanda Guimarães, filha de um dos fundadores, Geraldo Jorge. O bloco chegou a anunciar que iria se apresentar este ano nos Campos Elíseos, cm o nome de City Bairro. Mas a grandeza do evento fez com que a Prefeitura decidisse, junto com a organizadora, adiar a volta para 2026. A secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, afirma que os detalhes devem ser acertados para que o desfile da banda volte a acontecer.

Para Ding Dong, os momentos de alegria vividos nos desfiles da City Banda nunca serão esquecidos.

Talvez o enorme crescimento e a presença de gente que não queria se divertir tenha sido responsável pelo fim da formação original da City Banda, mas o legado dela para o Carnaval de Campinas é certamente a influência para que mais de 50 blocos estejam nas ruas este ano.

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