Ela foi dona de uma das vozes mais magníficas da música brasileira, a sua projeção vocal foi tamanha que ecoou a partir da pequena cidade do interior de Minas Gerias e encantou todo o Pais. Essa foi Clara Nunes que propôs com o seu trabalho uma beleza poética somado a um debate em favor das minorias étnicas, e religiosas.
Nascida em 1942 na hoje conhecida Caetanópolis foi funcionária da fábrica de tecidos, oficio alias que desenvolveu até chegar em Belo Horizonte quando aos 16 já órfã de pai e mãe foi seguir o sonho de ser cantora. Depois de cantar em pequenos lugares teve a sua primeira projeção ao ficar em terceiro lugar no Concurso nacional a Voz de Ouro do ABC.
Clara Nunes ingressou no mercado fonográfico em 1966 como uma cantora romântica… exista uma aposta em transforma-la no mesmo padrão de Altemar Dutra e a formula não funcionou. Ela tentou se reencontrar dentro da Jovem Guarda com participações em filmes e até ingressou em Festivais Universitários sem obter êxito.
Com a produção do radialista Adelzon Alves para o lp Clara Nunes de 1971 ela reconstrói a sua carreira agora dentro do estilo que a definiria o Samba e o resgate das tradições Afro Brasileiras. O seu figurino assumiu outro caráter e o repertório passou a ser assinado por compositores nordestinos como Zé Dantas e Luiz Gonzaga e também por representantes do morro.
A partir desse encontro a carreira de Clara Nunes se consolida com trabalhos antológicos que apresentaram canções fundamentais na sua trajetória. Com a sua força artística se firmando ela participou a partir de 73 de musicais ao lado de Vinícius de Moraes e Toquinho e também com o ator Paulo Gracindo no musical Brasileiro, Profissão Esperança com direção de Bibi Ferreira.
A escola de samba Portela lhe estendeu o tapete vermelho e Clara Nunes puxou na avenida 3 sambas enredos e desfilou até 1983 o seu último carnaval. Após um choque anafilático em função de uma cirurgia de varizes Clara Nunes morreu e o velório na quadra da Portela atraiu mais de 50 mil pessoas numa comoção nacional. Clara Nunes foi enredo da Portela em 1984 com Título Contos de Areia e também em 2019.
Segundo o Biografo da cantora Vagner Fernandes Clara Nunes como legado além de deixar um estilo artístico , trouxe a ousadia para o seu trabalho por defender as suas crenças religiosas de origem africana e também pelo seu engajamento político ao lado de nomes como Martinho da Vila, João Nogueira e Paulinho da Viola defendia a valorização da musica brasileira.
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Produção
Walmir Bortoletto
Edição
Paulo Girardi