Luzes e roupas coloridas, calça boca de sino, maquiagem pesada e pessoas querendo dançar. Esse era o clima da chamada discoteca, que partiu dos Estados Unidos e invadiu boates mundo afora . Essa maneira de se divertir não durou muito tempo. O auge pode-se dizer que foi de 1975 a 80, mas o impacto que ela causou foi sentido em várias áreas, especialmente na música. Por ter sido um período curto, ficou marcado por artistas de um só sucesso. É lógico que existem exceções , e os 03 primeiros discos dessa banda comprovam isso.
Chic é um nome obrigatório em qualquer festa que pretenda reviver o clima da disco music. Embora o grupo que tenha sempre mantido Tony Thompson na bateria e uma dupla de mulheres para comandar os vocais, além de músicos convidados, o mérito de todo o trabalho de criação vai para o guitarrista Nile Rodgers e o baixista Bernard Edwards. Além de fundadores, eles foram os compositores, arranjadores e produtores de todos os sucessos que ganharam fama mundial. E foi dessa dupla também a ideia de adotar um visual sóbrio, fugindo dos exageros da época.
Lançados respectivamente em 77 , 78 e 79, os 3 primeiros discos do Chic venderam muito bem. Inclusive o compacto de Le Freak é o recordista de todos os tempos da gravadora Atlantic. Mesmo assim, a maioria dos críticos colocou o grupo no mesmo patamar de artistas forjados em estúdios que só aproveitavam a onda. Talvez a febre da discoteca os tenha irritado, pois não perceberam que o riffs da guitarra de Nile e os acordes do contrabaixo de Bernard, bem ao estilo funk, entraram para a história.
Já os colegas de profissão notaram rápido que eles poderiam ajudá-los, fosse escrevendo, produzindo ou tocando. Basta citar alguns dos nomes com os quais Nile e Bernard trabalharam durante a década de 80. David Bowie, Duran Duran, Mick Jagger, Madonna e Diana Ross estão na lista.
Ao contrário de muitos grupos que atribuem o surgimento ao acaso, o Chic apareceu de caso pensado. A dúvida de Nile e Bernard era quanto ao som. Pode parecer brincadeira, mas as opções estavam entre o punk e a discoteca. A rebeldia do punk foi deixada de lado quando eles perceberam que não tinham nenhuma tendência para a violência e nem queriam quebra-quebra nos shows.
Junta-se a isso o fato das gravadoras alegarem que não saberiam como promover negros nesse gênero. E a recusa só poderia se justificar pelos aspectos comportamental e visual , pois a dupla já havia montado bandas de rock no início dos anos 70, quando trabalharam em estúdio ou acompanhando outros artistas.
O esgotamento da discoteca fez muitas vítimas, entre elas o Chic, que acabou em 1983. A retomada do grupo para um novo disco e shows por todo o mundo só aconteceu em 1992. Por falar em tempo, dizem que ele cura feridas, transportando esse ditado para a música, é possível afirmar que ele muda opiniões. No caso do Chic, isso foi positivo, porque muitos daqueles que falaram mal durante o período de sucesso, se retrataram quando a febre da discoteca passou e reconheceram o valor da obra deixada pelo guitarrista Nile Rodgers e pelo baixista Bernard Edwards.
Os sucessos da Chic agradam muita gente, mas quem gosta dessa levada pode escutar os 3 primeiros discos sem pular nenhuma faixa, porque todas garantem bons tempos.
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Produção
Walmir Borteletto
Edição
Paulo Girardi