O uso ilegal de malas diretas vinculadas a consulados no Brasil é alvo de uma investigação da Polícia Federal, que cumpriu nesta quarta-feira oito mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Maceió e Boa Esperança, no Espírito Santo, na operação Véu da Imunidade. Através de aeroportos internacionais no Brasil, principalmente Viracopos em Campinas, contêineres com mercadorias despachadas de Miami, nos Estados Unidos, entravam no país, sem necessidade de fiscalização. Como a carga vinha lacrada como mala diplomática, nem a polícia e nem a receita federal tinham autorização para avaliar o conteúdo.
As embaixadas e os consulados podem trazer qualquer tipo de produto de seu país de origem, sem a necessidade de fiscalização, desde que o uso desse material seja empregado pelo próprio órgão. A investigação começou em 2011, quando a polícia suspeitou da frequência e da quantidade de mercadorias que chegavam em Viracopos, vindas de dois pequenos países que não foram divulgados. A Polícia Federal solicitou a justiça uma autorização e no começo de 2012, dois contêineres foram abertos, contendo produtos variados, como tênis, eletrônicos, roupas e maquiagens. De acordo com o delegado da Polícia Federal em Campinas, Hermógenes de Freitas Leitão Neto, o alto escalão dos consulados envolvidos não teria nenhuma relação com a importação indevida dos produtos. Segundo ele, os responsáveis contribuíram com as investigações.
Nos dois contêineres vistoriados pela polícia foram encontrados 170 toneladas de mercadorias. Esse material já foi leiloado pela Receita Federal, mas o valor arrecadado não foi identificado.
