Para a economista do Observatório PUC-Campinas, Eliane Rosandiski, os quatro meses de quarentena seriam menos críticos se o período de isolamento proposto pelas esferas de governo incluísse maior apoio às pequenas empresas.
A especialista avalia que a interrupção no fluxo de demanda, reflexo óbvio na adoção da medida, poderia ser mais bem contornada se todos os eixos da economia fossem mais protegidos. Mas as entidades menores sofreram mais.
“Deveria ter protegido o consumo ao garantir renda e também assegurar que as empresas não tivessem as receitas tão fortemente comprometidas, principalmente para as pequenas empresas, que têm fôlego menor”, aponta ela.
No caso das grandes empresas, a realidade é outra, ainda segundo Rosandiski. Com menor dependência de fluxo diário e maior acesso ao capital, o segmento consegue sobreviver por mais tempo, ainda que sinta todos os reflexos da crise.
O argumento é amparado nas linhas de crédito propostas pelo Governo Federal durante a pandemia, que não teriam sido adequadas por não privilegiarem os micro e pequenos empresários, que, sufocados, tiveram que fechar as portas.
“Porque o governo colocou o sistema financeiro para fazer o crédito. Mas o risco ao sistema financeiro era grande. Então, não houve socorro aos pequenos. Foi feita uma reversão disso agora, mas na prática, não surtiu efeitos”, acredita.
Com as entidades menores fechando as portas, ou sem amparo no meio do período de restrições, as consequências foram sentidas. Isso aconteceu, por exemplo, no setor de bares e restaurantes, que precisou fazer 22 mil demissões.
E até mesmo para as indústrias as medidas adotadas não foram suficientes. É o que prova a sondagem de junho da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, com 32,26% dos associados precisando demitir funcionários.
