Hoje ocorre a primeira sessão na Câmara de Campinas após a divulgação dos áudios envolvendo o Presidente da Casa, Vereador Zé Carlos (PSB), que apontam a prática de um esquema de corrupção passiva no Legislativo.
O clima é de tensão nos bastidores, com a expectativa para saber se Zé Carlos vai presidir a sessão. Vereadores da Esquerda e da Direita compartilham o mesmo propósito de tirar Zé Carlos do cargo. Os da Direita articulam a abertura de uma CPI para investigar o caso. Para isso, são necessárias 11 assinaturas. Até a última sexta-feira, seis vereadores tinham assinado: Marcelo Silva e Nelson Hossri, do PSD, Major Jaime e Paulo Gaspar, do Novo, e dois vereadores do PSOL, Paulo Búfalo e Mariana Conti.
As bancadas do PT e do PCdoB querem o afastamento de Zé Carlos, mas não informaram se vão assinar o pedido de abertura de CPI. Os vereadores desses dois partidos têm se reunido para uma decisão conjunta sobre como vão atuar no caso. Paulo Gaspar e Marcelo Silva afirmaram que vão tentar conseguir mais votos para a abertura da CPI. A previsão é de que, na sessão de hoje, o pedido seja oficialmente feito.
O esquema de corrupção passiva na Câmara de Campinas, investigado pelo Ministério Público, envolve o presidente da Câmara, o vereador Zé Carlos, e o subsecretário de Relações Institucionais, Rafael Creato. Segundo apuração do Gaeco, Zé Carlos “exigia vantagens pessoais para manter ou renovar contratos com prestadores de serviços para a Câmara Municipal, o que configura corrupção passiva”.
Os áudios divulgados na última semana mostram Zé Carlos em conversas com prestadores de serviço para definir a continuidade de contratos. Em uma delas, o parlamentar afirma que pode renovar o contrato e não fazer outra licitação se o empresário “o ajudar”.
As conversas foram gravadas em Janeiro de 2021 pelo dono de uma das empresas que presta serviços para a Câmara de Campinas. Ele disse ao MP que foi pressionado a pagar propina para que o contrato fosse mantido. Mas, segundo o Gaeco, os empresários abordados não chegaram a pagar valores.
O início da investigação, com a Operação Lambuja, do Gaeco, ocorreu em 17 de agosto,quando cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O advogado do vereador Zé Carlos, Ralph Tórtima Filho, afirmou que o parlamentar só vai se manifestar nos autos da investigação. Rafael Creato também vai se explicar quando for acionado pelo Ministério Público, segundo a defesa dele.