Era fevereiro de 1974 o ginásio do Maracanãzinho estava praticamente lotado . Do lado de fora a multidão, ainda, reunia esperanças em poder entrar e assistir ao show. Entre os que estavam do lado de dentro e fora estimasse a impressionante marca de 100 mil pessoas. Pois afinal contas atingir grandes números era algo comum para aqueles rapazes que se intitulavam os Secos e Molhados. Realmente impressiona a posição de destaque no cenário musical brasileiro e até internacional, que o grupo Secos e Molhados ocupava. Dois anos antes eles usavam o palco do teatro Ruth Escobar em São Paulo como laboratório para aquela alquimia que ganhou um impulso tão grande, que nem o mais ambicioso marqueteiro de artista conseguiria engendrar.
O português João Ricardo se inspirou numa tabuleta em uma viagem a Ubatuba para dar nome ao grupo que um dia sonhava em ter . Mas além de ser o mentor dos Secos e Molhos , a contribuição mais importante de João Ricardo ao conjunto foi a sua inigualável habilidade em musicar as palavras. Com extrema destreza ele criou melodias maravilhosas a partir de poemas que tinham sido escritos sem a preocupação métrica de uma canção.
Se João Ricardo foi o cérebro do grupo, Ney Matogrosso era o coração dos Secos e Molhados. Por experiência do teatro a sua presença de palco irradiava um magnetismo avassalador. O medo de perder a liberdade pelo excesso de exposição o fazia se apresentar com uma maquiagem pesada como uma espécie de máscara para não ser reconhecido nas ruas. E ironicamente a sua postura cênica andrógena teve um efeito contrário e praticamente definiu a imagem do grupo, rosto pintado e roupas coloridas.
Em pouco tempo os Secos e Molhados ganharam projeção no cenário musical paulistano até o lançamento do excelente disco homônimo em 73. Esse primeiro trabalho no lançamento já tomou de assalto o pais, com a impressionante marca de 300 mil cópias vendidas já no primeiro mês. Mas existiu um outro elemento que ajudou a fortalecer o grupo, foi o lançamento do disco na primeira edição do programa fantástico que trazia a novidade da TV em cores.
Essa formação clássica grupo teve mais um disco lançado em 74 e na sequencia por desentendimentos o grupo sofreu uma reformulação com as saídas de Gerson e Ney . Os Secos e Molhados, nos demais trabalhos, não conseguiram repetir o mesmo sucesso dessa fase inicial e o jovem Ney Matogrosso ainda viria a escrever várias páginas na história da MPB.
Acompanhe nessa edição do quadro Música é Cultura, as canções marcantes do grupo Secos e Molhados.
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produção
Walmir Bortoletto
edição
Paulo Girardi